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A poetisa Mafalda Moreno e o lamento da Lagoa do Jacaré

Um belíssimo poema foi publicado pela poetisa Mafalda Moreno em 05 de novembro de 2019. Ela é moradora da região da Lagoa do Jacaré e recitou este poema no evento do Projeto, realizado no dia 19 de novembro, na escola Ana Rosa. Em seguida, entregou uma cópia à coordenação do Projeto, autorizando sua publicação neste site, como segue abaixo:

Lamento de uma lagoa

Quanto Deus criou o mundo / Usou sua inteligência

Ele a mim também criou / Nada me deixou faltar

Com tamanha perfeição / Me fez lagoa importante

Para o local agradar / Era um espaço gostoso

Cercado de todos os lados / Por cerrados verdejantes

Que dava gosto se ver / Onde pássaros felizes

Em segurança total / Seus ninhos vinham fazer

Tudo em mim era perfeito / Onde sempre a gente via

Muitos peixinhos nadar / Que em meu leito formei

Sempre vinha alguém pescar / E eu muito orgulhosa

Muita gente alimentei / Como era lindo se ver

Muitas espécies de seres / Felizes partilhando comigo

Que emocionada fiquei / Por ter muitos jacarés

Que junto comigo moravam / Esse lindo nome ganhei

Eu era muito feliz / Vivendo tranquilamente

Que jamais imaginei / Que um dia fosse mudar

Minha água era limpinha / Onde muitos me buscavam

Para o calor refrescar / Os anos foram passando

Muita gente foi chegando / Suas casas construindo

E então tudo mudou / Foram então me poluindo

E também me aterrando / Esgoto, lixo em mim jogando

E isso então me sufocou / Hoje estou desesperada

Vivo triste amargurada / Tentando sobreviver

Entre suspiros e ais / Me deixaram desprezada

Minha água ninguém vê / Nem peixes, nem jacarés

Nada disso se tem mais / Será que ninguém percebe

Que para isso mudar / É preciso unir forças

E esse espaço restaurar?

Vamos lá população / Ouçam meu triste lamento

Eu preciso de vocês / Venham logo me salvar

Não nasci pra ser assim / Um espaço abandonado

Como se para vocês / Eu não tivesse valor

Venham logo me limpar / Pois se me ouvirem, garanto

Juntos seremos felizes / Vivendo na paz e no amor.